Filipenses podem orientar a igreja no relacionamento com pessoas indocumentadas

Notícias da Igreja dos Irmãos
24 ° de março de 2017

Uma congregação da igreja se reúne no gramado. Foto de Irvin Heishman.

Por Irvin Heishman

Filipenses é um bom recurso para a igreja consultar, pois pondera como responder às pessoas indocumentadas que vivem em nosso país. O principal escritor da carta, o apóstolo Paulo, não era diferente de muitos mexicanos-americanos de hoje. Ele era um cidadão, mas muitos de seu povo não eram.

Como um judeu judeu vivendo no exterior, Paulo entendia a experiência do imigrante. Seu povo veio de um “povo colonizado e disperso” (“Believers Church Bible Commentary: Philippians” por Gorgan Zerbe, p. 51). A lei romana tornava tão difícil obter a cidadania que apenas os 10% mais ricos da população desfrutavam de seus benefícios (Zerbe, p. 281).

Muitos membros das primeiras igrejas eram escravos não-cidadãos e trabalhadores pobres “indocumentados”. Alguns, porém, especialmente em Filipos, teriam sido cidadãos com o poder social necessário para construir uma vida boa para si mesmos dentro do império. Paulo desafiou esses membros a ter a mente de Cristo que “não considerou o ser igual a Deus como algo a ser explorado, mas esvaziou-se, assumindo a forma de escravo, nascendo em semelhança de homem. E, achado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e tornou-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:6-8).

Paulo se identificava não com os cidadãos, mas com os escravos, honrando assim a humildade daqueles em suas igrejas sem status. A carta começa assim: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo” (Filipenses 1:1).

Cristãos com cidadania deveriam declarar seu status privilegiado como “lixo” (Filipenses 3:8). Paul fez isso, mas teve que ter o cuidado de usar palavras codificadas. Afinal, era sua cidadania romana que o estava “mantendo vivo por um fio” (Zerbe, p. 210). Declarar sua cidadania romana “lixo” teria sido suicídio (Zerbe, p. 210). Assim, Paulo falou apenas de suas credenciais da Judéia quando declarou: “Todavia, todos os ganhos que tive, isso passei a considerar como perda por causa de Cristo” (Filipenses 3:7).

Era perigoso mudar a lealdade da cidadania terrena para a celestial assim, não importa o quão cuidadosamente isso fosse declarado. Cristo era um rival político de César que se proclamava digno de adoração nos templos e festivais romanos como o “filho de Deus, salvador do mundo” (Zerbe, p. 308).

As leis de cidadania no reino de Cristo criam um tipo de comunidade marcadamente diferente daquela dos impérios terrenos. Quando deixamos que as leis do céu determinem a quem acolhemos e oferecemos refúgio em nossas igrejas, podemos nos encontrar em desacordo com as autoridades terrenas.

Não é o estado secular que merece nossa lealdade final como cristãos. Um novo corpo político, a igreja, está sendo formado com Jesus como Senhor. Como Paulo disse: “Nossa pátria está nos céus, e é de lá que esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20). Este tema é retomado em Efésios que declara: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas cidadãos dos santos e também membros da família de Deus” (Efésios 2:19). Esta é a boa notícia que temos que proclamar ao convidar os indocumentados na carne a se juntarem à nova comunidade política de Jesus, onde podem receber seus documentos de cidadania celestial.

Seguindo os exemplos de Paulo e Jesus, os irmãos hoje devem se humilhar por causa de Cristo, reivindicando sua identidade como descendentes de fé dos primeiros irmãos que foram imigrantes nas colônias americanas. Como um povo migrante, nós, irmãos, não devemos reivindicar nenhum status terreno que nos classifique como mais merecedores de privilégio do que qualquer outro. Não, nossa missão é convidar outros a vir e obter a cidadania celestial conosco.

Assim, como “hermanos” e irmãs, “permanecemos… firmes em um só espírito, lutando lado a lado com uma só mente pela fé do evangelho” (Filipenses 1:27).

— Irvin Heishman é um ministro ordenado e pastor na Igreja dos Irmãos, anteriormente servindo como missionário na República Dominicana.

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