1 de Setembro de 2016

A parábola das pessoas que passavam do outro lado

pexels. com

A pressa da Conferência Anual mal havia diminuído quando a nação ouviu a notícia de que um homem negro havia sido morto pela polícia em Baton Rouge. Um dia depois, outro foi morto perto de Minneapolis. Depois vieram os tiroteios contra os policiais, pois a violência gerava violência.

A violência contra os negros não é nova, embora possa parecer a alguns que está acontecendo com mais frequência. O que há de novo é o aumento das evidências em vídeo, tornando esses casos mais difíceis de explicar.

Mesmo sem vídeos, a disparidade na forma como os negros são tratados nos EUA é bem documentada e fácil de encontrar – para quem quiser saber. Está claro que os afro-americanos são significativamente mais propensos a serem alvejados pela polícia e mais propensos a morrer no encontro do que os brancos.

Mas há um abismo entre a forma como negros e brancos percebem essa violência, relata Robert P. Jones, chefe do Public Religion Research Institute, em seu novo livro, O Fim da América Cristã Branca. Os negros tendem a ver esses incidentes como parte de um padrão maior; os brancos são mais propensos a vê-los como eventos isolados.

Em praticamente todas as medidas, há uma diferença documentada na qualidade de vida dos negros em comparação com os brancos: justiça criminal, saúde, educação, emprego, imóveis, práticas de empréstimo, expectativa de vida. O bem-estar dos negros é 72% do bem-estar dos americanos brancos, informa a National Urban League.

Após a morte no ano passado de Freddie Gray em Baltimore, o Washington Post realizaram um estudo de expectativa de vida por bairro. O Post descobriu que 14 bairros negros em Baltimore tinham expectativa de vida menor do que a Coreia do Norte. Um bairro, Downtown/Seton Hall, mal superou o Iêmen pela menor expectativa de vida do mundo. Fica a apenas cinco quilômetros de Roland Park, o bairro mais rico de Baltimore.

As disparidades em Baltimore, Baton Rouge, Minneapolis, Chicago, Ferguson e outros lugares nos Estados Unidos podem ser atribuídas a redlining, práticas bancárias, leis federais, colocação de rodovias interestaduais e outras políticas baseadas em raça que remontam décadas ou mais. Os resultados são o pano de fundo histórico para as manchetes de hoje.

Problemas sistêmicos podem parecer impossíveis de mudar e é fácil para os não afetados desviarem o olhar. Mas Jesus contou uma história sobre pessoas que desviam o olhar, e eles não são os heróis.

Como podemos mudar esses grandes problemas? O primeiro passo é surpreendentemente simples: os brancos devem acreditar nos negros.