Estudo da Bíblia | 25 de abril de 2024

Reconciliado com Deus

Amigos mostrados em silhueta contra um pôr do sol

Romanos 5: 1-11

Romanos 5 começa com uma declaração ousada: “Portanto, visto que somos justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 1). Isso sugere que houve um tempo em que não estávamos em paz com Deus. Parece que a fé cria uma nova condição e cura uma velha ferida.

É fácil entender mal Paulo quando não conseguimos compreender o que ele quer dizer com os termos “pecado” e “morte”. Nosso texto de hoje termina com o versículo 11. Mas, como costuma acontecer, o texto está inserido em um contexto literário mais amplo que dá dicas sobre como entendê-lo.

Para entender como Paulo usa “pecado” e “morte” é necessário examinar os versículos 12-14. Observe que “pecado” é singular. Isto não é incomum para Paulo, especialmente em Romanos. Ele não pensa nos pecados como atos isolados que são contrários à vontade de Deus. Em vez disso, Paulo pensa no pecado como um estado de ser. O pecado é um estado de alienação ou separação de si mesmo, de Deus e dos outros.

Como exemplo, ele observa a desobediência de Adão ao comer o fruto proibido. Esta recusa em obedecer a Deus revela a predisposição da humanidade para viver de forma egoísta, sem preocupação com Deus ou com os outros. Este egocentrismo é destrutivo para a comunidade humana, para a fé pessoal e até para a própria criação.

O problema do pecado é um problema de relacionamento. As pessoas estão afastadas de Deus, de si mesmas e umas das outras. Na verdade, toda a criação geme por shalom, restauração, cura e paz (Romanos 8:22). Este estado de ser é como uma cela de prisão da qual toda a criação deve ser libertada. Somos escravizados pelo nosso próprio desejo de completa auto-suficiência e independência. Na verdade, somos egocêntricos.

“Morte” representa esta alienação levada ao extremo. Para Paulo, o egocentrismo (pecado) em última análise leva à morte (alienação completa de si mesmo, de Deus e dos outros). Nosso dilema também é o de Paulo (Romanos 7:15-20, 24-25).

Jesus significa liberdade

A abordagem de Paulo ao problema relacional da separação e alienação não consiste em fornecer regras mais rígidas a serem seguidas. Ele acreditava que, para que a humanidade fosse inteira, a humanidade deveria estar livre da prisão da auto-absorção, porque isso só leva à culpa, à vergonha e à paralisia moral.

Para Paulo, a liberdade que precisamos é encontrada em Jesus Cristo. Cristo abre a porta da cela. A aceitação de Deus por nós é um dom dado gratuitamente. A confiança na graça de Deus nos liberta da necessidade de estar no controle de nossas vidas. Nosso egocentrismo nos leva a tentar nos tornar bons e dignos o suficiente para merecer a aprovação de Deus. Quando estivermos livres disso, poderemos viver em ação de graças e alegria. Nossa devoção ao bem-estar dos outros torna-se uma expressão de gratidão em vez de obrigação. Somos livres para amar extravagantemente e servir com alegria.

Resposta às aflições e ao sofrimento

Muitos de nós tentamos dar sentido ao sofrimento. Visto que as aflições estão embutidas na própria estrutura da vida, isso não é surpreendente. A maneira como reagimos ao infortúnio e aos problemas determina em grande parte se seremos generosos ou amargos, amorosos ou ressentidos, gratos ou magoados.

A igreja em Roma estava sofrendo algum tipo de infortúnio ou perseguição. Será que os problemas que enfrentaram levariam à generosidade ou à amargura, ao ressentimento ou ao amor, ao ressentimento ou à gratidão? Nos versículos 3-5, Paulo lhes diz que as aflições produzem perseverança, a perseverança produz caráter e o caráter produz esperança. Se formos honestos sobre a nossa experiência vivida, devemos admitir que isso às vezes é verdade, mas nem sempre. A maioria de nós conhece pessoas que foram esmagadas pelas suas aflições. Às vezes, nós mesmos reagimos ao infortúnio com raiva e desejo de vingança.

A mensagem de esperança em Romanos 5 é elevada e inspiradora. Isso ocorre porque Paulo não está escrevendo um livro de autoajuda. Ele não está oferecendo um plano sobre como agradar a Deus e, assim, ganhar a aprovação de Deus. Nesta carta, Paulo está proclamando a libertação do egocentrismo e do egoísmo. Não se trata de melhorar; trata-se de transformação. Paulo quer que as pessoas aceitem a liberdade e o amor gracioso de Deus e, assim, sejam renovadas! Para este apóstolo, a ética da gratidão excede a ética da obrigação.

Graça preveniente

“Preveniente” não é uma palavra que usamos todos os dias. Na verdade, é uma palavra que muitos de nós provavelmente nunca usamos. Quando combinado com “graça”, o termo significa que Deus estava trabalhando no mundo antes que percebêssemos. Às vezes, a graça preveniente é chamada de graça “precedente”. Esse pode ser um termo mais fácil de entender.

Como o termo sugere, a obra de Deus no mundo precede o nosso conhecimento dela. O versículo 8 diz desta forma: “Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. 4 João 19:XNUMX diz isso de outra forma: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”.

Graça preveniente, graça precedente.

Um quebra-cabeça

Durante séculos, os cristãos têm debatido o significado de “Cristo morreu por nós” (v. 8). Esta frase é tão amplamente usada entre os cristãos que a maioria pensa saber o que significa. Paulo não escreveu: “Cristo morreu em nosso lugar ou em nosso lugar”. Ele também não escreveu que a morte de Cristo pagou um resgate ao diabo para nos libertar. Não, ele apenas diz: “Cristo morreu por nós”.

Isto é intrigante para alguns cristãos. A morte de Cristo foi necessária para que Deus estendesse a graça a toda a criação? Jesus foi punido pelos nossos pecados? Os estudiosos reconhecem pelo menos sete teorias que tentam responder às perguntas: “Será que Jesus teve que morrer?” e “Se sim, por quê?”

Outro termo curioso é “ira de Deus” (v. 9). Uma divindade que toma a iniciativa de libertar a humanidade do cativeiro do pecado, e o faz como expressão de amor, não parece irada. O Deus que amamos porque Deus nos amou primeiro, não parece precisar de uma vítima para saciar a sede de sangue.

Estas são duas das muitas maneiras de perceber o divino – como um Deus de ira ou um Deus cujo amor precede a nossa resposta. Existe uma desconexão entre essas duas visões? Eles pelo menos parecem ser bem diferentes um do outro.


In Um guia para estudos bíblicos, esta é a terceira de quatro lições baseadas em textos de Romanos. Cada um dos três primeiros é, em sua maior parte, consistente entre si. Mas também deve ser reconhecido que Paulo deixa muitos cordões pendurados, quase nos desafiando a puxá-los.

O uso que ele faz das duas palavras, “pecado” e “morte”, nos convida a descobrir o que Paulo quis dizer quando escreveu esta carta pela primeira vez. Ao examinar a amplitude de suas cartas, é muito provável que ambas as palavras tenham significado relacional. Isto é, “pecado” representa o egocentrismo da humanidade que leva à alienação de si mesmo, de Deus e dos outros. “Morte” é aquele estado de alienação ao extremo.

O dom da graça em Cristo Jesus reconcilia os seres humanos com Deus, consigo mesmo e com os outros. A divisão foi ultrapassada, a alienação terminou e a porta da prisão se abriu. Isto oferece liberdade das nossas inclinações egocêntricas, tornando possível tornarmo-nos “pessoas para os outros”. Tudo isso é um presente de Deus.

Michael L. Hostetter, ministro aposentado da Igreja dos Irmãos, mora em Bridgewater, Virgínia.